URBE – MOSTRA DE ARTE PÚBLICA – EDIÇÃO 3

Após investigar o Centro e o Bom Retiro nas duas primeiras mostras (2012 e 2016), a URBE – Mostra de Arte Pública – Edição 3 aconteceu no Largo da Batata, em Pinheiros. A Mostra, com curadoria de Felipe Brait e Reinaldo Botelho, contou com uma ampla programação de ativação durante quinze dias, com as obras site specific de três artistas convidados – Estela Sokol, LiveNoiseTupi e coletivo OPAVIVARÁ! –, uma agenda de oficinas, um circuito de conversas e um roteiro de caminhadas pelas obras e pelo bairro.

A diversidade nas linguagens artísticas, que foram da escultura à instalação, passando pela tecnologia e a interatividade, reforça o compromisso da Mostra em articular um ambiente multifacetado, onde o público pode experimentar os campos conceituais da arte e refletir sobre o espaço urbano contemporâneo, tendo a cidade como ponto de partida.

OBRAS / ARTISTAS

Sem Título (Greta Garbo), 2018 – Estela Sokol

Sem Título (Greta Garbo) é uma escultura de resina e processos elétricos autossuficientes construídos por meio de um sistema fotovoltaico com iluminação difusa. Sua implantação possui uma dimensão estética que envolve a lógica dos sentidos e se relaciona com o espaço, criando percepções e afetos na paisagem. A sutil justaposição do volume ao plano mantém a integração com o todo e deixa entrever contrastes nas texturas sonorovisuais, entre ruídos, ausências, silêncios e repouso. A escultura é um segmento semiesférico de dois planos paralelos, e sua materialidade evoca estabilidade e constância. Ao enfrentar o caos – lugar de todas as formas e dessemelhanças –, impõe uma transição à revelia do campo visual do observador, que supõe e deduz uma contraparte – ora presente, ora ausente.

 

 

Estela Sokol (São Paulo, SP)

A luz e a cor são elementos centrais na obra de Estela Sokol. A cor não vista como pigmento, mas como luz. Cor que invade o espaço e o inunda. A artista produz esculturas, pinturas e fotografias. Realizou diversas exposições no Brasil e no exterior. Já recebeu diversos prêmios, como uma residência na Aircube (Linz, Áustria), a participação emmostras de artistas no exterior, da Fundação Bienal de São Paulo e a participação na “Temporada de Projetos Paço das Artes”. Possui obras na Embaixada do Brasil, em Londres.

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Apanoesh (Abrigo de Proteção em Ambiente Natural e Observatório de Entorno para a Sobrevivência Humana), 2018 – LiveNoiseTupi

Apanoesh é uma instalação interativa imersiva que parte de uma realidade distópica, em um contexto ficcional pós-nuclear, na qual o público toma contato com um complexo processo de composição de narrativas transmidiáticas dentro de um universo de conexões entre saberes futurísticos e ancestrais. O processo, realizado a partir de uma “arquitetura temporária”, é conduzido pelo coletivo LiveNoiseTupi e ativa um ambiente de conjunção histórica (a partir da referência aos povos tupiniquins, primeiros habitantes do local), combinando elementos tecnológicos presentes em nosso cotidiano, buscando despertar um sentimento de descolonização através de sua interatividade.

 

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LiveNoiseTupi (São Paulo, SP)

LiveNoiseTupi é um coletivo de performance multimídia colaborativa. Utilizamos ferramentas de código livre e traquitanas do tipo “faça você mesmo”, para construir ambientes interativos e audiovisuais imersivos. O objetivo de nosso trabalho é jogar com as fronteiras entre tecnologias e temáticas modernas e ancestrais para ambientar experiências sensoriais, onde o participante pode e deve interagir para modificar as dinâmicas do espaço. Já nos apresentamos com formações e convidados diversos para audiências em Zagreb, Liubliana, Londres, Marselha, São Paulo, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba e Porto Alegre

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Brasa Ilha, 2018 – OPAVIVARÁ!

A partir da apropriação e da conversão de um automóvel em uma cozinha de uso público, o coletivo OPAVIVARÁ! busca ativar processos subjetivos de contato e interação com uma obra de arte pública. Isolar e retirar o significado primeiro de um objeto remete a um processo de ready-made, seu reúso aplica uma nova característica onde paira um olhar provocativo. Instalada próxima a uma igreja, a obra encontra ressonância junto aos bancos públicos de descanso, em formato de instalação relacional. Os participantes poderão cozinhar alimentos, criando uma relação direta com o trabalho.

 

 

OPAVIVARÁ! (Rio de Janeiro, RJ)

OPAVIVARÁ! é um coletivo de arte que desenvolve ações em locais públicos da cidade, galerias e instituições culturais, propondo inversões dos modos de ocupação do espaço urbano, através da criação de dispositivos relacionais que proporcionam experiências coletivas. Desde sua criação, em 2005, o grupo vem participando ativamente no panorama das artes contemporâneas.

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